Gazelas brancas, pretas, orientais, siamesas e afins, todas encetam em si uma característica comum, apesar das (óbvias) diferenças: são de facto lindíssimas, lindíssimas gazelas.
Sito numa das mais belas e bem freqüentadas artérias da nossa mui nobre e leal urbe, este espaço, qual padre António Vieira, conhece as mais insólitas e macabras Estórias que há para contar, amiúde dotadas da mais ordinária (porém salubre) lascívia.
Gazelas selando sua amizade com húmidos ósculos na boca, fronte, e outros territórios, gazelas bebendo pela garrafa, gazelas lindas, lindíssimas -leia-se lindíssimas- fazendo a sua sesta às 3 da manhã depois de uma repousante garrafa de Uísque, com outras gazelas utilizando-as como apendicular suporte de uma aula prática de ginecologia (algo a que aspiram vir a cursar um dia, uma vez completo o politécnico). Gazelas (de facto lindíssimas)-leia-se lindíssimas - devolvendo sua custosa digestão aos esgotos desta mui nobre e leal urbe (sim, porque o sêmen humano, como é sabido, actua como um retardante da bílis e é pró-(h)e(r)mético). Gazelas que, providas do mais comovedor sentido de solidariedade, passeiam nos seus esculturais corpos as mais onerosas peças de Haute cotture, sem nada exigirem em troca pela tão louvável e gratuita publicidade. Gazelas essas que, apesar da nobreza do sangue que plácida e secularmente circula nas suas castas veias, anseiam avidamente, agora e sempre, pelo suco divino.
Muitas, amiúde erroneamente, procuram esse mesmo suco no mais sórdido e esquizofrênico dos órgãos humanos: isso mesmo, o Penduricalhum.
Gazelas que, saltando por entre prados da mais imaculada virgindade, tolhendo atiçadamente a feno, urze brava e tomilho, assim exclamam, quando a nostalgia por fim as atinge, impiedosa: “Ó anexo, ó anexo”!